reescritura
o poeta como apóstolo da linguagem:
no princípio era o verso,
e o verso estava com deus,
e o verso era deus.
***
enterneço, perpetuo:
no equinócio de uma palavra,
sou a senda íntima da noite
e sei da dramaturgia das casas
tanto como das lavouras
e do tempo evanescente.
pressinto, reverbero:
no solstício sagrado das fornalhas,
sou a espada revelada para o dia
e sei da dilatação das letras
tanto como dos ritos cênicos
e da grande esfinge de gizé.
***
mi delirio sobre el amor
não precisei subir ao chimborazo
para encontrar-me com o grande espírito:
enquanto cruzava o rio do esquecimento,
era esta, a voz que ouvia – nenhuma outra.
***
centelha
tanto a escrita como o fogo:
arautos da revelação.
***
Mariana Ferraz é escritora, historiadora e pessoa de teatro. É graduada, mestre e doutoranda em História pela Universidade de São Paulo – USP; possui especialização livre em Arte como Interpretação do Brasil pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo – FESPSP; e frequentou o curso de Atuação da SP Escola de Teatro. Em poesia, é autora de “A Insurreição dos Umbrais” (Ed. Ofícios Terrestres, 2024); “Tantos estados da água” (Ed. Urutau, 2022); e possui textos acadêmicos e artísticos publicados nas revistas Amarello, Ruído Manifesto e Casa Quarup, dentre outras plataformas de comunicação brasileiras e internacionais. Exerce, há três anos, como Crítica de Teatro no site Deus Ateu – desempenhando com Márcio Tito, desde 2023, a coordenação do projeto “Sprints Críticos”, responsável pela cobertura oficial do Festival Satyrianas.
Comentários
Postar um comentário